quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eu chego lá









Acho-me aqui então, o silêncio me faz companhia e parece gostar de mim. Daí eu percebi que a corda bamba da vida, pela qual temos que nos equilibrar diariamente, sempre arrebenta do lado mais fraco, que de nada adianta dizer que o ano que passou foi ruim, que só te trouxe coisas negativas, por que o próximo pode ser ainda mais aterrorizante.
Existem dias que me sinto tão presa, que perece que estou trancada dentro de um container a bordo de um navio em alto mar. Vai ver a vida nunca teve simpatia por mim, sim por que desde os tempos de criança, que sempre fui o patinho feio da família, os parentes, miseráveis parentes que infelizmente corre os seus sangues em minhas veias, achavam que eu era uma espécie de peteca em suas mãos, me jogavam de um lado, me deixavam do outro, sempre se aproveitando da minha ingenuidade, até quando aprontavam e quem sempre levava a bronca da minha avó era eu.
Mas hoje não, tracei meus objetivos sem contar nada a ninguém, e sei que todos esses seres imprestáveis que me humilharam há anos atrás, estão de julgamento marcado a espera de suas sentenças finais, para que possam assim, quão finalmente, pagarem por todas as vezes que abriram suas bocas sujas para me denegrirem.
Só quero aquilo que esteja marcado para ser meu, e não abro mão de lutar por isso. Se pensarem que estou me enganando e que não está ao meu alcance, deixo que pensem, não será esse achismo alheio que me fará recuar e calar-me diante de minhas decisões. Eu não tenho muito dinheiro, nem muito luxo, mas meu sorriso tem luz própria e sempre que o sinto em meu rosto, eu me orgulho de tudo que eu me tornei, mesmo que não tenha me tornado em nada de extraordinário, como por exemplo, um artista de Hollywood, com direito a estrela na calçada da fama, se bem que eu não sei se quem tem esse tipo de homenagem é feliz de alguma forma.
Deixa lá, a carruagem vai passando e é devagar, mas é sem pressa de chegar que agente chega.

 
Milena M.
 

sábado, 24 de agosto de 2013

Tudo teu








Dê-me as tuas duas mãos, me ajude a caminhar, meus pés precisam da tua companhia. Quero ser tua vontade, teu pensamento mais distante quando descansastes no travesseiro e fechastes os olhos pra pensar na vida, quero que me deixes enxergar-te além do que tu és ler tua alma, adivinhar teus sonhos, eu não sabia que poderia amar tanto um ser, mas você me ensinou isso, e eu, eu sou grata por tudo que eu tenho, por tudo que eu sou.
Se eu sou feliz e amada, isso é obra tua. Foi teu sorriso que me fez reviver e acreditar que posso estar sempre a bailar de paixão, e danço e canto, solto meus pés num palco onde eu me apresento, e a platéia são anjos que nos uniram. Em suas asas eu pego carona todos os dias, e ao encontrar teus olhos eu mergulho em um oceano profundo e cheio de mistérios, e me encontro, e te encontro, e te invento, te reinvento, construo cada parte de você dentro de mim e me faço completa, e me quero bem aí na tua paz, na sensação de poder te amar mais e mais, sendo assim não vejo nada mais perfeito do que me entregar a esse desejo de te consumir em mim, sentir tua respiração quente em meu rosto, te provocar delírios incontroláveis e depois te colocar pra dormir em meu colo, acarinhar teus cabelos e ser teu escudo na hora da dor, ser tua fiel e amada, companheira na vida, na eternidade, na longevidade desse sentimento, não terá fronteiras.
Há muito tempo eu sonho com isso, e hoje eu posso dizer que encontrei a resposta de todas aquelas perguntas que eu me fazia antes de dormir, quando chorando eu implorava aos céus pra ter você aqui comigo, até que você surgiu do nada e me convidou pra ir ao céu com você, pra me apresentar as estrelas e me dar à lua de presente, então eu te dei a minha mão e agente dançou no infinito e foi crescendo, crescendo, até que explodiu em nossos corações essa vontade de amor, esse bem querer, essa cumplicidade.
Agora meu mundo é teu, teu mundo é meu. E o céu está cor de rosa agora, e as aves se alegram ao nos ver, e novos ninhos são construídos, e novos ares iremos respirar, e tudo será novo, de novo.


Milena M.

 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tristeza









E eu que já pisei em tantas pedras, mas não permiti que os meus pés se cansassem. E eu que preferia estar na companhia das borboletas, do que dividindo o metro quadrado da sala com visitas desagradáveis. Tanto que eu vi, todos os dias eu tinha aquele sol se pondo e levando com ele minha juventude. Tanto que eu ouvi, diziam de tudo, dedos apontados, e eu quase nunca tinha respostas pra calar a boca daqueles miseráveis.
O que se passa em frente aos meus olhos, não é o que eu quero ver, não era o que eu sonhei acontecer. E aquelas pequenas notas que escrevi naquele bloco de poucas folhas sem linhas visíveis, as apaguei, não fazia mais nenhum sentido guardá-las, já que estavam tão distantes do passado.
A cinza daquele sonho cremado lançou-as no vento, para que por longe daqui se desfaça entre as poeiras das estradas que encontrar.
Como seria bom se lágrimas pudessem me purificar agora, dor não é bom, mas são inevitáveis, outras incuráveis, e olhos vermelhos e peito soluçando são evidências disso.
Confesso que não sei pra que lado olhar, saídas existem, mas pareço cega, e enquanto muitos sorriem, outros choram e agonizam-se em suas solidões tentando resgatar algo que não existe mais. E quanto à noite que vem se debruçando sob o meu telhado, ela é companheira da minha insônia, mãe da minha ansiedade, e melhor amiga dessa solidão infinita, e sem ter no que pensar os ponteiros do despertador vão contando minha vida, passando a noite, e surge o sol, embaçado os olhos de quem já não agüentam mais chorar.

Milena M.

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Monótono


 
 
 

 
 
 

Parei e olhei para o céu cheio de nuvens, e imaginariamente, tentei me colocar nele como se fosse uma ave que acabara de sobrevoar aqui. Bom seria se pudéssemos de repente ganhar um par de asas e sair voando por aí sem rumo certo, galgando novos lugares, descobrindo novos jardins, construindo outros ninhos. Escolher caminhos é uma tarefa que requer tempo pra decidir, só que o tempo é apressado, o tempo é cheio de compromissos, e não vai parar por nossas indecisões, então ele passa na nossa frente e decide por nós, bacana isso não é mesmo?
Ah, hoje eu acordei com os nervos a flor da pele, sensível e desabrigada, meu semblante mais tenso e olhos embaçados de lágrimas. É nada acontece como queremos, e quando acontece não é com que agente gosta, as peças que a vida me prega eu já perdi as contas, só quando começo a escrever é que me deixo levar pela canção de premente que costumo ouvir, como forma de inspiração.
Me disperso no pensamento, lembro de fatos recentes e logo me vem umas lembranças antigas, aquelas que nem me lembrava mais que existia. Essas monotonias dos dias me fazem muito mal, tem dias que dá pra conciliar, já outros não têm jeito, eu desabo, e depois volto juntando meus cacos pelo chão, não é nada agradável montar-se por dentro, meu sorriso se esvai, dando espaço ao pranto, e de tanto que penso no que será da minha vida daqui alguns anos, eu choro na tentativa de anestesiar a dor que corrói meu peito, eu não tenho pra onde ir, meu destino é incerto, meus planos evaporam como gelo em fogo, então só me resta escrever pra não se esquecer de mim, pra não me lembrar de você, pra não morrer enfim, eu preciso viver.

Milena M.

 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Irreal








Olha não me leve a mal se eu sumir em meio ao nevoeiro e levar seu coração comigo, precisarei dele quando estiver morrendo de saudades suas. Como minha imaginação não tem limites, eu penso em coisas e situações que me fazem rir de mim mesmo e formular perguntas que nem eu ou somente eu possa responder.
É impressionante como eu me apego a essas fantasias de contos e poesias. Teoricamente sim, elas são válidas, mas imaginem só, alguém desaparecendo em meio a um nevoeiro levando o coração de alguém, premeditando sua própria morte e dizendo que aquele órgão que carrega em uma de suas mãos irá salvar sua vida, ainda mais quando estiver morrendo de saudades...
Realmente, como havia dito anteriormente, a imaginação ela voa, é nossa única certeza de que as coisas existem dentro de nós, mesmo não tendo o direito de torná-las concretas, saudade não faz mais efeitos, os dias vão se acabando, descendo a ladeira na velocidade da luz, o prazo cada vez mais curto, a validade da minha vida se esgota com o passar das horas, meus sonhos no escanteio, o medo escondido atrás da porta do meu quarto, só levando escorregos por aí, meus pés doem muito, já andei tanto, e não encontrei nenhum banco vazio pra sentar e descansar.
Cada dia menos acredito nesse tal de amor, quem ele pensa que é pra me trazer tanto sofrer? No que ele acha que vai me tornar me maltratando dessa forma? Não tem ele força maior que eu.
Ora bolas! O sentimento é meu, sou eu que tenho que mandar nele, é eu que tenho que controlá-lo. É difícil pra mim lhe dar com essa troca de amor, minha mente cansa, meu coração cansa, ele é um músculo, não é uma máquina controlada por robótica.
É muita reação adversa, é muito efeito colateral, preciso fazer novos exames, talvez mudar o remédio. Qual foi o último que estava tomando mesmo? Será que foi um comprimido de solidão pela manhã, ou aqueles 10 ml de saudades à noite? Ah, lembrei, foi uma dose única de amor.

Milena M.

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Apenas palavras







Escrever, escrever e escrever. Seria o alimento da alma cansada que expõe suas dores e amores através do bico da caneta de cor azul ou preta? Seria o servir das palavras sobre a mesa acompanhada de uma xícara de café quente numa noite chuvosa? Seria o deitar dos pensamentos sobre seu travesseiro conselheiro?
Não queiram saber os motivos, nem mesmo eu os sei. Brota sabe? Vem de dentro, vêm com força, enxurrada de palavras, tempestades de pensamentos, um turbilhão de sensações boas e ruins, e quanto mais te folhas em branco, mais quer riscá-las, mais quer ultrapassar os limites e qualquer espaço que seja, cabe mais uma letrinha, cabe mais uma frase.
Cada parágrafo é sagrado pra quem escreve. Cada parágrafo é apenas um parágrafo pra quem ler. Como nem tudo se pode dizer, então escrevemos, deixamos nossa herança, nosso bem maior são essas palavras, juntas de uma por uma, cada uma um sentido, e seja debaixo de lágrimas ou empurradas por um sorriso, é a única coisa que nos faz saber que ainda estamos vivos, que as mãos não estão mortas, que os sentidos ainda se reconhecem e nos reconhecemos como merecedores de nossas perdas e conquistas.
Nascemos, sobrevivemos, chegamos a morrer, mas as palavras continuam intactas. Só não as deixe morrer dentro de si, não as deixem presas como escravas de seu medo de pronunciá-las. Não as neguem não as lance ao vento menosprezando sua força, são suas, use-as como libertação, use-as como um elixir esvaziando toda a impureza da tua vida.
Há quem diga: "sábias palavras!", apenas para agradar quem as disse, pergunte o significado, pergunte a função, pergunte a intenção. E agora? Onde foram parar tuas palavras?
Ai de mim, ai de ti, volta para o teu interior, recolham-se à sua falta de afeição pelas palavras, elas não precisam ser ditas por bocas enferrujadas.

Milena M.