sábado, 16 de fevereiro de 2013

Voando por mim

 

 

 
 


 
 
 
 Apresento-me a minha dor todos os dias, ela já me conhece, de fato, mas cada dia nos descobrimos mais, parece que se estende conhecendo uma parte nova do meu corpo, ou da minha alma. Já tentei afugentar-la, mas é mais forte do que eu, ou melhor dizendo, dos meus sentidos, dos meus sentimentos.
 Não é nada físico, é tudo psicológico, grades ou talves muralhas intermináveis, vigiadas por cães ferozes, que não vacilam, sim, eles não pregam os olhos, esses cães são os meus medos, que sempre me acompanhavam como uma sombra. Sinto-me fraca e esgotada, cada dia que amanhece é uma conquista que pouco a pouco não tá fazendo tanta diferença, tenho muita dor dentro de mim pra me preocupar se é dia novo ou não.
Que seja!
Que passe logo!
Que suma de uma vez!
 Quem me dera poder sumir mesmo, e poder aproveitar cada dia que começa, com um sorriso novo no rosto...
 Afinal, eu nem me lembro mais o que são essas sensações.
Oh céus! Fui roubada!
Levaram-me o brilho dos olhos, levaram meu sorriso largo...
Agora digam-me:
Tem morte pior?
 
 
 Milena M.
 
 
 
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Luto.












 Como uma gaivota solitária, sem alimento, onde o vento é o sustento, penas caindo, a brisa as carregam para longe dalí, somem, desaparecem, viram pó. Um canto e uma dor, um pranto e um amor, e o que restou?
 Pisando os pés nos caminhos em que costumava passar, todos os dias, encontrava alí a certeza de que fora ser humano naquele tempo, por que agora, agora já não se considera mais desse mundo, sua voz já não é mais ativa, não existe mais sombra, olha, mas não pode fazer nada pra estar por perto, longe demais, frio demais, queriam demais, ambos proibidos.
Por que?
Por quem?
Por quantos?
 Quantos impecílios!
Tudo em prol da distância, tempo corria devagar, mas as vezes parecia atropelar. Grito vago no espaço da vida, um ôco, um pouco, de amor!
 Uma vida inteira de ancia por esses momentos, dias de longa espera, noites imaginando antes que o sono lhe chegasse, foi tudo enforcado, mãos nunca unidas, foram separadas antes de tudo.
 Amarraram nossos anéis e lançaram ao mar, pra não mais nos encontrar, aqui ou em qualquer outro lugar, mas talvez, antes disso tudo, o beijo que a dera a tenha perpetuado em sua vida, a sensação ninguém os roubaram, impulso, decisões as vezes precisam ser tomadas depressa, desviaram-se os olhos e não tinha desfarçe, eram seus aqueles olhos, multidões, várias pessoas ao redor, mas nessa hora só tinha um desejo:
Procurar e procurar!
 Era um caça, uma fuga de emoções, um pretexto, aquela vontade súbita e louca de ver, de ver. Se não visse não teria paz, não teria sono. Eis que surgia, ainda que fosse apenas um dos fios de cabelo, mãos começavam a ficar inquietas, lábios tremiam, um passo tentava dar em direção mas, onde estavam as pernas mesmo?
 Tinha que continuar, tinha que ir até o final, um desfecho feliz ou triste, uma certeza ou uma dúvida...
 Nem um nem outro, até hoje existem sinais, vestígios, é como se fossem placas indicando a direção de um destino que ainda vai se cumprir. Não, não acabou alí, não acaba aqui, não tem consolo, não há como se conformar, até o último suspiro é nisso que irá acreditar, e mesmo depois da morte, será apenas um espírito, que vaga no lamento, que volta para o momento, em que encontrou aquele olhar pela primeira vez naquela manhã ensolarada, como sempre havera sonhado desde que tinha alma de criança, desde quando via gaivotas no céu e sonhava ser livre como as mesmas.
E foi, e é, uma liberdade presa.



Milena M.


 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Mas tenho seguido

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sabe aquela vontade de querer que o dia amanheça logo?
Que as coisas aconteçam depressa?
Vontade de resolver os problemas de uma hora para outra, dizer que amanhã vai acordar mais cedo da cama e vai sair por aí na tentativa de mudar de vida, de mudar o rumo do destino?...
Quem somos nós pra mudar nosso destino não é mesmo?
Parece piada, mas a vida, na maioria das vezes, se resume em ser tudo aquilo que não queremos que ela seja, e entre uma lágrima e outra que cai dos meus olhos agora, é um flash de memória que invade o pensamento, sofrendo calada, sem ajuda de ninguém, quem passa por mim na rua, quem fala comigo me cuprimentando e perguntando:
- Oi, tudo bem?
Em questão de segundos, toda a dor que eu sinto aqui dentro, todas as angústias que tenho que suportar, uma infinidade de momentos que vivi em uma vida inteira se encaixam no intervalo de tempo que em seguida responder tal pergunta, que entre um:
- Sim, tá tudo bem!
Desfarço com um sorriso no canto dos lábios, respiro fundo, olho para os lados e sinto-me tão distante das pessoas, não por me sentir superior as mesmas, mas por me achar que não tenho o direito
de conviver com elas. As vezes, perece que sou invisível, uma voz muda, talvez algo que ainda não conheça, algo que ainda não tenha descoberto, e o pior de tudo, é que não encontro o caminho de volta.
 
 
 Milena M.