terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Luto.












 Como uma gaivota solitária, sem alimento, onde o vento é o sustento, penas caindo, a brisa as carregam para longe dalí, somem, desaparecem, viram pó. Um canto e uma dor, um pranto e um amor, e o que restou?
 Pisando os pés nos caminhos em que costumava passar, todos os dias, encontrava alí a certeza de que fora ser humano naquele tempo, por que agora, agora já não se considera mais desse mundo, sua voz já não é mais ativa, não existe mais sombra, olha, mas não pode fazer nada pra estar por perto, longe demais, frio demais, queriam demais, ambos proibidos.
Por que?
Por quem?
Por quantos?
 Quantos impecílios!
Tudo em prol da distância, tempo corria devagar, mas as vezes parecia atropelar. Grito vago no espaço da vida, um ôco, um pouco, de amor!
 Uma vida inteira de ancia por esses momentos, dias de longa espera, noites imaginando antes que o sono lhe chegasse, foi tudo enforcado, mãos nunca unidas, foram separadas antes de tudo.
 Amarraram nossos anéis e lançaram ao mar, pra não mais nos encontrar, aqui ou em qualquer outro lugar, mas talvez, antes disso tudo, o beijo que a dera a tenha perpetuado em sua vida, a sensação ninguém os roubaram, impulso, decisões as vezes precisam ser tomadas depressa, desviaram-se os olhos e não tinha desfarçe, eram seus aqueles olhos, multidões, várias pessoas ao redor, mas nessa hora só tinha um desejo:
Procurar e procurar!
 Era um caça, uma fuga de emoções, um pretexto, aquela vontade súbita e louca de ver, de ver. Se não visse não teria paz, não teria sono. Eis que surgia, ainda que fosse apenas um dos fios de cabelo, mãos começavam a ficar inquietas, lábios tremiam, um passo tentava dar em direção mas, onde estavam as pernas mesmo?
 Tinha que continuar, tinha que ir até o final, um desfecho feliz ou triste, uma certeza ou uma dúvida...
 Nem um nem outro, até hoje existem sinais, vestígios, é como se fossem placas indicando a direção de um destino que ainda vai se cumprir. Não, não acabou alí, não acaba aqui, não tem consolo, não há como se conformar, até o último suspiro é nisso que irá acreditar, e mesmo depois da morte, será apenas um espírito, que vaga no lamento, que volta para o momento, em que encontrou aquele olhar pela primeira vez naquela manhã ensolarada, como sempre havera sonhado desde que tinha alma de criança, desde quando via gaivotas no céu e sonhava ser livre como as mesmas.
E foi, e é, uma liberdade presa.



Milena M.


 

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