quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Transbordando

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Deixe que inunde logo, de vez. Respirar pra que? Viver pra que?
 Aliás, que espécie de vida é essa? Uma tempestade que não passa, e o choro é agonizante a noite inteira, os montes se esconderam atrás das nuvens, não há luz nem estrelas, apenas vento batendo na janela, garganta ferida, olhos vermelhos e inchados, mãos inquietas. Virando de um lado pro outro na cama eu me vejo soluçar, e me lembro bem da vez em que tentei parar de respirar quando vi que tinha te perdido de vista e que você poderia nunca mais voltar, desespero tomou conta de mim, então me vi sem chão, sem rumo, existindo por existir, já que eu tava alí esgotada, vendo todo o meu sonho escorrer pelas mãos. Inconformada estou até hoje, um rosto que jamais será apagado da minha memória, um olhar que toda vez que eu fecho os meus olhos verei na minha frente.
 Me afogo aqui, me lamento aqui, deixem que inundem, deixem transbordar, deixem cessar, esse tormento todo tava no meu destino, e eu não posso me privar dele, é meu e meu, deixem que eu suporto (sozinha) como sempre não é mesmo? Agora é só tentar respirar e seguir, ainda que seja olhando pra trás, só pra ver se você está lá atrás, tentando me alcançar.

 
 
 Milena M.
 
 
 
 
 
 

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