sexta-feira, 15 de março de 2013

O tempo quebrou











Caindo, rastejam-se como serpentes.
Despencam, e descem ladeira abaixo.
Poem as mãos sobre a face e num instante de desespero, gritam, agonizam, se contorcem, rasgam suas vestes, e se tem um mar se lançam, se veêm um abismo se jogam, mentes fracas, almas esvaidas, restos de saudade, o amor murchou, orvalho derretido pelo sol, ninguém viu, ninguém sabe.
E quem havera de dizer, as vozes mortas das bocas podres, insetos, a raiva deixou o seu rastro, alí, bem alí, estrada de pedras.
Apressem-se! Logo mais, outra tempestade.
Tudo tão medieval, cavaleiro e suas flechas de fogo, mas por alí já não existiam mais reis ou rainhas. Tudo era igual, e em cada rosto uma história diferente, uma máscara diferente. Só faltava a outra parte do mapa, para que pudesse se encontrar de novo, ou se perderem, de vez!
Não foram escolhas tão fáceis, desde que as mãos se separaram, clarão virou treva, o medo afugentou a coragem.
E aquele velho relógio parou de funcionar, como saber se o tempo tá passando?
Talvez ache por aí algum caco de espelho perdido nos monturos e ao olhar o desconsolo dos olhos, tirando os cabelos que ainda restam da frente do rosto, perceberás que um simples relógio não faz mais tanta diferença, e se o céu chorasse naquele momento, certamente lavaria tuas lembranças. As folhas caídas no chão, formariam um tapete sobre o teu corpo fadigado.
Abrir mão dessas lembranças não é como abandonar uma mala pesada no meio do caminho por não ter mais condições de carregá-la. Mesmo por que, pesam mais que qualquer navio cargueiro que atraca em um porto qualquer.
E quando dois olhares não se veêm mais, essas lembranças se trasformam em cachoeiras de lágrimas, onde as vezes parecem chorar aos pés do túmulo de algo que ainda não morreu.
Palavras medidas e calculadas milimetricamente pelo destino, encontros agendados pelo tempo, separação decidida pela vida. Tudo teve sua chance, coube a cada um aproveitar.
Anotaram as placas, e entre tantas ruas e becos e praças, um pequeno banco no meio do nada, uma pequena vasilha com grãos de milho para alimentar os pombos que se achegavam.
Mas derrepente, ficou tudo mais calmo, um silêncio predominava naquele lugar, e eis que vinha, e era imenso, e depois de quase cegar-lhe os olhos, o sol apareceu em meio a escuridão de toda aquela tempestade de pesadelos e tormentas que a afligia durante um profundo sono.



Milena M.



 

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