quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Noiva







Há muito tempo que não ouço mais músicas românticas, elas me enjoam. Quem me dirá com firmeza na voz, com certeza nas palavras que o amor ainda está por aí sentado no banco de alguma praça, esperando por mim ou me ajudando a fazer as compras do mês no supermercado? Ah, eu não acredito nisso, confundi a minha mente esse tempo todo, me dando por merecedora do amor, inventando olhares que nunca foram pra mim. As sobras estão por toda parte, rabiscos no caderno, músicas, vídeos e fotos que não tenho mais coragem de olhar. E daqui do alto da minha casa, eu avisto em meio à neblina embaçada da minha manhã solitária, a igreja que desejei entrar vestida de branco numa noite de lua nova, e você à minha espera no altar, de terno preto com flor branca no bolso do paletó, enquanto eu dava lentos passos com o coração saindo pela boca de vontade de dizer o sim logo de uma vez, e depois da chuva de arroz poder jogar meu buquê de orquídeas amarelas pro ar, entrarmos no carro todo enfeitado com fitas brancas e o nosso nome no vidro traseiro, latinhas amarradas fazendo barulho e anunciando a nossa felicidade... Nossa, me peguei sorrindo e chorando ao mesmo tempo agora, será alegria da imaginação, ou tristeza por saber que isso está tão longe da minha realidade?
E me apareceu agora no quintal, uns casais de passarinhos amarelos, cantando pra mim, chamando minha atenção, eles estavam tão unidos, tão juntinhos, numa liberdade que não tinha mais tamanho. Fiquei admirando e pensei em nós dois um dia como eles, juntos e felizes, unidos pela força da natureza.
Já foram embora, e toda vez que eu olhar pra aquela planta, me lembrará deles. Assim é na minha vida, toda vez que eu olhar para aquela igreja, me lembrará do meu sonho, sem deixar de sonhar.

Milena M.

 

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