Há muito
tempo que não ouço mais músicas românticas, elas me enjoam. Quem me dirá com
firmeza na voz, com certeza nas palavras que o amor ainda está por aí sentado
no banco de alguma praça, esperando por mim ou me ajudando a fazer as compras
do mês no supermercado? Ah, eu não acredito nisso, confundi a minha mente esse
tempo todo, me dando por merecedora do amor, inventando olhares que nunca foram
pra mim. As sobras estão por toda parte, rabiscos no caderno, músicas, vídeos e
fotos que não tenho mais coragem de olhar. E daqui do alto da minha casa, eu
avisto em meio à neblina embaçada da minha manhã solitária, a igreja que desejei
entrar vestida de branco numa noite de lua nova, e você à minha espera no
altar, de terno preto com flor branca no bolso do paletó, enquanto eu dava
lentos passos com o coração saindo pela boca de vontade de dizer o sim logo de
uma vez, e depois da chuva de arroz poder jogar meu buquê de orquídeas amarelas
pro ar, entrarmos no carro todo enfeitado com fitas brancas e o nosso nome no
vidro traseiro, latinhas amarradas fazendo barulho e anunciando a nossa
felicidade... Nossa, me peguei sorrindo e chorando ao mesmo tempo agora, será
alegria da imaginação, ou tristeza por saber que isso está tão longe da minha
realidade?
E me
apareceu agora no quintal, uns casais de passarinhos amarelos, cantando pra
mim, chamando minha atenção, eles estavam tão unidos, tão juntinhos, numa
liberdade que não tinha mais tamanho. Fiquei admirando e pensei em nós dois um
dia como eles, juntos e felizes, unidos pela força da natureza.
Já foram
embora, e toda vez que eu olhar pra aquela planta, me lembrará deles. Assim é
na minha vida, toda vez que eu olhar para aquela igreja, me lembrará do meu
sonho, sem deixar de sonhar.
Milena M.
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