sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Renovando




Quero o canto das aves passeando pelo céu ensolarado. Quero as gotas da chuva ladrilhando pelo meu corpo, a beleza das flores, a ingenuidade dos olhos de uma criança, quero um par de asas, quero me alimentar de mel e mergulhar na cachoeira de águas límpidas e deixar que reflita em seu espelho d’água as molduras da minh’alma.
Não sou de deixar meus pés se consumirem na ferrugem do comodismo. Sou do vento, sou do tempo, que me carrega na carruagem dos sonhos, sou da luz que brilha dentro de mim, mesmo nas noites mais escuras, cantarei as minhas alegrias, cantarei minhas tristezas. Não existe vida sem derrotas, como também não existe vida sem vitórias. Mesmo que essa vitória seja “apenas” acordar vivo todos os dias, e quando a noite tiver um cobertor te esperando pra passar o frio e a vontade de não dormir só pra ficar pensando no que será da tua vida daqui alguns dias ou anos.
O fato é que não devemos pensar tanto no que será, como vai ser, quando vai ser. Eu não sei, você não sabe, ninguém sabe. Mas já que temos memória suficiente para armazenar coisas boas, pensamos então no que devemos ser para que as coisas se concretizem da maneira mais esperada possível.
Então eu abro meus braços e sinto os raios do sol me invadindo e aquecendo meu corpo enquanto bagunçam meus cabelos e me levam pelas estradas da vida, trilhas afora. E já começaram a cair as primeiras folhas da primavera, é tempo de mudança, é tempo de escolher um novo rumo, mesmo que você tenha que seguir sozinho, usando sua consciência como bússola, você só precisa mesmo é acreditar que nada vai te separar da sua fé, que as suas raízes são profundas e inatingíveis.
Sejamos então como o bom lenhador. Que ao cortar as árvores já crescidas e robustas, plantam novos galhos para que possam se renovar. Assim é a nossa vida. Às vezes precisamos cortar coisas negativas, desfazer falsas “amizades”, jogar fora as antigas faturas de cartão de crédito, excluir pastas de fotos repetidas, aquelas que você fez várias cópias com medo de perdê-las, mas que, no entanto, acabou perdendo a própria pessoa, que no final de tudo você acabou entendendo que a melhor coisa foi perder.
Mas o novo chegou, uma nova música tocou, e você outra vez se entregou. Entregou-se a dança, a liberdade, a vida. Vem, vamos andar de bicicleta, sentir a brisa gelada no rosto. Vem que eu te empurro no balanço e te faço ser criança outra vez, e te faço sorrir mais uma vez. Quero ser o teu repouso, escutar teu silêncio e compará-lo a uma canção que o eco soa em meus pensamentos, e mesmo que nada disso dure para sempre, já me encarreguei de datilografar os momentos mais marcantes, os sussurros mais marcantes, os beijos mais lentos, os abraços de acalento.
Eu sei, eu guardei, eu estarei sempre a orar por você, e sempre que eu tiver a chance de reviver, de recomeçar, eu me renovarei e deixarei cada porção de saudade por onde passar, cada memória de felicidade em quem se lembrar que em toda a minha vida, sempre fui eu mesma.

Milena M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário