sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dias cinzentos








Na medida em que os dias se arrastavam, se tornava mais insuportável conviver ali, a companhia não ajudava em nada, ambos eram literalmente diferentes, cheio de sonhos, gostava de ouvir música alta, mas também apreciava um bom silêncio, sempre com um sorriso no rosto como prova de que tudo ficaria bem assim que encontrasse o grande amor da sua vida.
Não havia espaço nem pra chorar em paz, e a cada semana é como se fosse um mês a menos em seu calendário, não tinha refúgio, não tinha pra onde fugir, era ali ou ali mesmo, desejos limitados, sentia a sensação de um tiro nas costas toda vez que via as pessoas saindo pra se distrair, enquanto ela, presa sabe-se lá por quanto tempo, e sabe-se lá quanto tempo ainda lhe restava para que não enlouquecesse de uma vez por todas.
Tudo engavetado, tudo amontoado dentro do pensamento, tudo copiado, registrado em qualquer pedacinho de papel, pra não permitir que a memória esqueça cada prova contra o ódio que sentia naquele momento, por que sabia que um dia seria apresentado ao tempo, o júri popular desse processo que é a vida de alguém que almeja um amanhã melhor, e todas as suas lágrimas que salgavam a sua boca, lhe serviam de mantimentos para sustentar-lhe até o fim de todo aquele sofrimento.

 

Milena M.

 

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